Alemão

Aravena

Arimatéia Souza

Bida

Carlos Bracher

Cássia Acosta

Cecconi

Claudio Dantas

Claudio Souza Pinto

Clayton Silva

Dani Henning

Dante Barbosa

Diego Rodrigues

Dnar Rocha

Edesio Bilck Filho

Eliardo França

Ferracioli

Ferreira

Gerson Guedes

Golb Carvalho

Haidê Morani

Henry Vitor

Irisney Bosco

Jorge Maciel

Leonel Mattos

Lima Junior

Maramgoní

Marcos Leal

Marcos Zechetto

Monika Moreira

Negreiros

Ney Tecidio

Pablo Solari

Paulo de Carvalho

Ramon Brandão

Rivera Rondon

Rodrigo Zaniboni

Rose Fernandes

Rui de Paula

Sami Mattar

Sergio Helle

Sérgio Ramos

Tereza Mazzoli

Thais Ibanez

Túlio Dias

Vagner Aniceto

Valdonês

Waldomiro de Deus

Waldomiro Sant´ Anna

Walmir Binhotti









OUTRAS OBRAS DE WALDOMIRO DE DEUS





Moça com filho

Waldomiro de Deus nasceu em Itajibá, no sertão baiano, em 1944, região anteriormente habitada por cangaceiros. Terceiro de nove filhos dos pequenos agricultores Deocleciano de Deus Souza e Venância Joaquina Costa, moraram numa casa de pau a pique. Mudaram-se em seguida para Gandu e depois para Maranduba, no município de Prado, vivendo numa fazenda. Aos 12 anos, resolveu deixar a região à procura de melhores condições de vida. Levou uma vida errante pelo sertão baiano e pelo norte de Minas até 1958, quando resolveu tentar a vida em São Paulo.

Chegou à capital paulista num pau-de-arara, viajando com trinta pessoas. Nos quatro primeiros dias, dormiu em bancos do Largo da Concórdia. Ali, conheceu um sargento da guarda civil que o convidou a morar com ele e a esposa em Osasco, na Grande São Paulo. O guarda lhe deu uma caixa de engraxate, com a qual começou a trabalhar no Largo de Osasco. Permaneceu na casa do guarda por três anos. Sem saber o que fazer, foi para Presidente Venceslau e para Porto Alegre, retornando sempre para Osasco, onde se sentia mais seguro. Com 17 anos, foi contratado como jardineiro do antiquário Pierre Zacoppe, de São Paulo, passando a morar nos fundos de sua casa. Lá encontrou guaches, cartolina e pincel. Começou a pintar até altas horas e sentir sono durante o dia. Foi despedido. Levou as obras produzidas para o Viaduto do Chá, onde conseguiu vender dois desenhos a um turista americano. Com o dinheiro alugou um pequeno quarto na Rua Conselheiro Furtado e comprou material para continuar a pintar.

As obras de Waldomiro chamaram a atenção do compositor Teodoro Nogueira, que o levou à redação do jornal A Gazeta, onde conheceu o folclorista Rossini Tavares de Lima. Em 1963, tornou-se amigo do então jornalista Américo Pellegrini Filho, ligado à Associação Brasileira de Folclore hoje professor e pesquisador da ECA/USP. Pellegrini e Rossini convidaram Waldomiro a expor seus guaches sobre cartolina na Feira de Artigos Típicos Brasileiros no Parque de Exposições de Água Branca, em 1962. Foi lá que Waldomiro conheceu o decorador Terry Della Stuffa, que comprou 10 dos 48 trabalhos expostos, ofereceu-lhe materiais de pintura e, finalmente, convidou-o a residir num quarto de fundos de sua casa localizada no Jardim Europa, em São Paulo. Em contrapartida, Waldomiro entregava ao decorador sua produção de óleos sobre tela, que acabaram forrando as paredes da mansão. Stuffa passou a convidar pessoas importantes para conhecer a obra do pintor. Uma dessas, foi Mário Schenberg, professor de Mecânica Celeste na USP e crítico de arte, que tornou-se grande amigo e conselheiro de Waldomiro.

As obras mais agressivas não agradavam ao decorador, mas eram apreciadas por Schenberg. O crítico salvou o artista de uma produção adocicada e decorativa. Waldomiro passou a submeter a Schenberg sua produção pictórica e isso irritou o decorador. Depois de uma briga, Waldomiro deixou a casa de Stuffa mudando-se para um apartamento na rua Augusta que, naquela época, era um shopping a céu aberto, com muitas lojas de grife. Waldomiro passou a vestir roupas extravagantes e a usar uma cabeleira black power. Mário Schenberg levava personalidades nacionais e estrangeiras para visitar Waldomiro em seu apartamento-ateliê. Amparado intelectualmente por Schenberg, Waldomiro pintou obras polêmicas mesclando religião com moda. Pintou Nossa Senhora de minissaia, Jesus com bermuda, e fez uma santa ceia em que os alimentos eram nordestinos.

Em 1966, Waldomiro participou da I Bienal Nacional de Artes Plásticas, em Salvador, na Bahia, e, no ano seguinte, da IX Bienal Internacional de São Paulo. A partir de então, sua carreira deslanchou. As exposições coletivas se sucederam no Brasil e no exterior. Desde 1964, quando mostrou seus trabalhos numa exposição solo na Galeria Directa, em São Paulo, realizou aproximadamente 70 individuais no Brasil, França, Inglaterra, Estados Unidos, Itália, Israel, Bélgica e Alemanha.

Waldomiro de Deus tem uma consistente fortuna crítica. Sua obra é analisada em importantes publicações especializadas surgidas nos anos 1970, época de ouro dessas edições, tais como Le proverbes vus par les peintres naïfs, de Anatole Jacovsky, Max Fourny Ed., Paris, 1973; Dictionnaire des peintres naïfs du monde entier, também de Anatole Jakovsky, Ed. Baselius, Basel, Suíça, 1976; L'arche de Noe et les naïfs, de Louis Pauwels, Max Forrny Ed.. Paris, 1977; Genious in the backlands: popular artists of Brazil, de Selden Rodman, Old Greenwich, EUA, 1977; Album mondial de la peinture naïve, de Max Fourny, Hervas, Paris, 1977 e outros. Em 1999, a Editora UNESP e a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo publicaram o livro Os pincéis de Deus - Vida e obra do pintor naïf Waldomiro de Deus, de autoria de Oscar D'Ambrósio.